segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Por falta de uma palavra...

Por falta de uma palavra já não sou considerado deficiente...
Descobri recentemente que por falta de uma palavra já não tenho direito a ser deficiente e a palavra é.... motora.....

Falta no meu atestado multiusos comprovativo de deficiência, passado no ano 2000 a identificação do tipo de deficiência de que sofro e por isso já não sou considerado deficiente ou seja não me podem passar documento para estacionamento especial nos lugares reservados a deficientes.

Segundo funcionária do IMTT, apesar de estarem correctamente identificadas  as causas e percentagens da deficiência, de as mesmas serem visíveis e a mesma funcionária as conseguir comprovar e de se tratar apenas da renovação de um documento em que a dita funcionária consegue comprovar TODOS os factos necessários para a renovação do mesmo, não o faz.

Por falta de uma palavra...



Assim e depois de ter perdido um par de horas no IMTT (antiga DGV) tive de procurar o serviço de saúde apropriado mais próximo. Nada resolvi porque apesar de efectuar os meus descontos no distrito de Leiria apenas o serviço de saúde da minha àrea de residência me pode passar novo documento. No entanto a marcação tem de ser presencial o que me fez percorrer 140 km desde o meu local de trabalho até ao serviço da minha àrea de residência.

Podemos fazer uma contagem. Até agora perdi meio dia de trabalho no IMTT e mais meio dia de trabalho para fazer uma marcação presencial de um serviço (TOTAL: 2 meios dias de trabalho).

Ao fazer a marcação fui informado que para além de ter de comprovar a existência de imensos documentos ainda me faltam cumprir alguns passos do processo. Necessito de uma declaração obrigatória do médico de família (que não tenho), de ir a uma consulta com um delegado de saúde e só mais tarde ir a uma junta médica onde finalmente me vão resolver o problema.

Fiz então a marcação para o delegado de saúde. Como andei imenso tempo à procura do serviço que ninguém parecia saber exactamente qual era ou onde se situava perdi quase a manhã toda e apenas consegui fazer marcação para o delegado de saúde. Mas como necessitava da tal declaração do médico de família (que não tenho), corri para o centro de saúde para tentar fazer marcação de consulta. Como já era perto da pausa para almoço, já ninguém me soube dizer quem me poderia ou sabia dizer qual o medico que me poderia atender, tive de voltar da parte da tarde (Total: 1 dia + meio de trabalho perdidos e 140 km). Ao fim de algum tempo a tentar explicar a obrigatoriedade da declaração e a sua importância lá consegui que um médico aceitasse que a funcionária administrativa marcasse  uma consulta para daí a uma semana.

No dia marcado compareci à consulta em que a Dra. teve a gentileza de escrever que me queimei quando tinha um ano de idade e por isso além de queimaduras por todo o corpo foram-me amputados ambos os pés. Algo bastante elaborado e que já havia sido percebido pela sra. que se recusou a passar o distico inicial e que com toda a certeza qualquer um consegue observar caso esteja atento (Total: 1 dia + 2 meios dia de trabalho e 280 km) Nota: consegui a declaração antes de ser necessária.

Chegada a data de nova marcação dirigi-me ao sr. Delegado de saúde para a qual percorri mais 140 km  e perdi nova manhã de trabalho para me ser dito que é incompreensível a necessidade de novo atestado e que entretanto seria convocado por carta para me dirigir a junta médica (Total: 1 dia + 3 meios dia de trabalho e 420 km)

Espero agora a data da marcação de junta médica para a qual vou ter de perder meio dia de trabalho e fazer + 140 km além de ter de pagar uma taxa de 50€ por ser deficiente  (Total: 1 dia + 4 meios dia de trabalho, 560 km e 50€)

Entretanto vou ter de me dirigir de novo ao IMTT para voltar a pedir o dístico e perder mais meio dia de trabalho  (Total: 1 dia + 5 meios dia de trabalho, 560 km e 50€)

Fico à espera que  as finanças não se lembrem entretanto de me pedir de forma presencial que comprove que tenho o novo atestado...

Agora pergunto: Acham que é logico que se perca todo este tempo de trabalho para um simples atestado?
É que bastava que permitissem que pudesse resolver a situação perto do meu local de trabalho para não ser necessário todo este desperdicio de tempo e de recursos.

Se alguém me souber explicar a lógica desta situação agradeço, mas entretanto alguns Euros saem do bolso devido aos custos envolvidos e outros deixam de entrar devido ao tempo perdido, para além da desconfiança e desconforto para com a entidade patronal que teve de abdicar durante todo este tempo de um funcionário porque ele é deficiente...

Não será possível facilitar todo este processo? Ou terei de trabalhar apenas "em casa" e não procurar, como todos, algo melhor para o presente ou futuro?

3 comentários:

  1. Caro Numpe,

    Penso que se trata de um caso de excesso de zelo... então não foste tu próprio que te apresentaste?! Não estavas devidamente identificado?!O bom senso infelizmente é cada vez mais raro, e há gente que gosta de ser mais papista que o papa!! Enfim... o poder da boa fé já não é o que era, e até com a evidência na ponta do nariz se perdem em burocracias... puffff
    Apetece-nos é fugir deste país cheio de medíocres brucratas, políticos da treta e ladrões de colarinho branco!!
    Abraço
    Sininho

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  2. Deixe lá, eu senti-me humilhada quando fui "renovar" o meu atestado vitalício. É que "aparentemente" sou normal e então, antes de mais olham de cima abaixo e perguntam: "O que é que está aqui a fazer?" depois lá decidiram que eu sou menos deficiente 1%,em relação ao que era.

    Tudo de bom
    Mónica

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  3. Todos temos direito a ter medico de familia,na area da residencia ou na area do trabalho ,cabe a cada um de nos escolher onde nos dá mais geito ,afim de não perder tantas horas,e não fazer tantos km

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