Mas a questão essencial é saber o porquê!!
Comecemos pelo essencial: O que é reestruturar a divida?
"Uma renegociação da dívida é uma espécie de default negociado, em que os Estados acordam com os investidores um rescalonamento da dívida (alongando, por exemplo, a maturidade dos títulos e reduzindo as taxas de juro).
Se necessário, há um haircut (corte), ou seja, o Estado só irá pagar uma parte da dívida que lhes foi emprestada. Além disso, enquanto renegoceiam a dívida, os países podem suspender as amortizações e o pagamento dos juros.
O principal risco num processo de reestruturação é o seu impacto nos mercados e, particularmente, no sistema bancário."
De forma simples, a reestruturação da divida corresponde a que os devedores negoceiem os pagamentos da divida quer seja a nível de prazos (pagar em mais anos), quer seja a nível de taxas (pagar taxas mais baixas). Existem ainda casos em que a reestruturação da dívida é feita por um misto destas duas variantes e algumas vezes os países vão mais longe e optam por não assumir as dividas e deixar de as pagar (caso da Argentina).
O primeiro grande problema de uma reestruturação de divida reside na imagem frágil que os devedores dão a quem lhes emprestou dinheiro o que gera uma maior relutância em voltar a ser emprestado dinheiro. E aqui surge o primeiro motivo para que seja contra uma reestruturação da divida, já que infelizmente Portugal está numa situação em que ainda não consegue amortizar de forma significativa autonomamente e assim ficar temporariamente sem dinheiro para pagar as despesas correntes.
Quer isto dizer que devemos continuar a pedir empréstimos?
Sim, mas apenas para amortizar outros empréstimos e pagamento de juros no curto-prazo e a médio prazo ir diminuindo o valor dos empréstimos contraídos.
Mas para mim o verdadeiro problema numa reestruturação de divida tem a ver com a despreocupação que isso pode gerar nos nossos decisores políticos. Uma reestruturação de divida poderá ainda levar a que no curto prazo exista algum desafogo financeiro e deste modo algum despesismo associado o que mais uma vez irá limitar o dinheiro disponível para despesas correntes.
As duas consequências apontadas, apesar de terem causas diferentes, levarão sempre a que mais cedo ou mais tarde o dinheiro disponível para despesas correntes (salários, reformas/ pensões, subsídios) comece a falhar e assim ou começa a chegar menos dinheiro ao bolso dos Portugueses ou teriam de ser aumentados os impostos novamente.
Por estes motivos digo não a uma reestruturação da divida.
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