Existem sempre vários temas de que podemos falar quando queremos criticar ou fazer critica, mas nem sempre é de todo fácil escolher a abordagem certa a dar a cada questão e muito menos acertar no tema ou na forma de o explorar, sendo assim começo esta rubrica por abordar aqueles que nos abordam e dos quais muitas vezes nós, cidadãos portadores de uma qualquer ineficiência, estamos dependentes – Os profissionais da Saúde. Muito haveria a falar, mas optei não por falar dos profissionais da saúde, mas sim daqueles que ainda o estão para ser e os que contribuem para a formação destes.
Recentemente tive o prazer de ser convidado para ser orador uma aula do ensino superior onde o tema principal eram as próteses e toda a sua envolvência o que achei deveras interessante à partida já que os alunos serão futuros investigadores na área e futuros técnicos, mas logo de inicio fiquei bastante apreensivo pois apenas se falava das características técnicas da coisa sendo posto de lado toda e qualquer consideração sobre a sua adequabilidade a cada utente. Aliás, o utente, a pessoa, nunca foi mencionado nas apresentações dos vários grupos a que assisti mas pacientemente esperei que chegasse a minha vez de falar e interagir com o grupo de jovens e a sua docente magicando as milhentas questões que poderiam sair daquelas cabeças ávidas de conhecimento e experiências novas.< Chegado o momento e as apresentações da praxe começaram a chover perguntas, quase todas técnicas, às quais pouca ajuda lhes poderia dar, uma ou outra sobre dificuldades e discriminação e nenhuma sobre o verdadeiro motivo que me levou a faltar a uma manhã de trabalho para estar ali. Já estava eu a ficar impaciente quando surge a primeira pergunta realmente importante: “Acha que a forma como as suas próteses são concebidas e o acompanhamento que é dado pelos técnicos é importante para a sua integração na sociedade e para o seu bem-estar?”.
A partir deste momento já valeu a pena estar ali e só o facto de sentir que aqueles jovens poderão ter ganho alguma consciência que o seu trabalho técnico tem uma importância muito menor do que imaginam e que a parte humana pode ter uma importância extraordinariamente superior em relação ao que lhes foi incutido fez com que aqueles momentos ganhassem uma importância extra.
Fica o desejo que todos os profissionais se tornem cada vez mais pessoas e deixem a parte humana ganhar espaço na nossa sociedade.
Numpe
Texto escrito ao abrigo do nº 1 da revista Deficiente Magazine a publicar brevemente.
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